Porcolitro

Porcolitro era um leite muito safadinho, derramava sempre. Os outros litros falavam para ele: cuidado, você vai acabar sujando tudo. Mas o litro não estava nem aí, todo dia fazendo a mesma coisa. Até que um dia veio uma fada e transformou o litro em porco, num porcolitro, que protagonizou mil aventuras...



Créditos das aventuras de Porcolitro: Milton Nascimento e Maria Dolores Duarte.
As aventuras a seguir são por minha conta.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Boston tea party

Esta é mais uma história que atesta a favor do poder da conjuntura diante do curso da história.
Qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência.
Se você acredita em amor e finais felizes, pare de ler imediatamente.
Tire as crianças do site. Esta história pode conter enredo excessivamente dramático.


Era uma vez Lia, que amava Ernesto, que amava Clio, que amava Bi, que não amava ninguém.
Era uma vez também Polínia, que jamais manteve relação alguma os demais, mas tem a ver com esta história.

Lia ganhou uma bolsa e foi embora, Ernesto morreu de saudades.
Sobraram Clio e Bi.

Um belo dia, encontraram-se no elevador com Polínia.
Como sugestão óbvia do ambiente, seguiu-se conversa sobre amenidades:
"Que dia, não?!", disse Clio.
"Que dia"; "É", responderam os demais.
"Você parece doente, Bi", Clio conjeturou.
"É, estou mal", Bi confirmou visivelmente abatido.

Polínia sabia do antigo amor e sentiu que devia lançar a deixa:
"Clio, por que você não faz uma massagem no Bi?", disse ela.
O coração de Clio palpitou (apesar de anos e cantadas em vão, apesar de todas empreitadas que morreram na praia, não sabe bem o porque, sua esperança parecia sempre infinda).
Bi continuou:
"Estou mesmo precisando de um chá."
"Um chá?", disse Clio.
"Um chá?", disse Polínia.
Seguiram-se risos, gargalhadas de ambas.
...

Naquele dia, Clio arquitetou mais um de seus planos infalíveis: Vestiria-se de apache e jogaria todo o estoque de chá da região ao mar.
Levantou-se e abriu a velha mala de fantasias, à procura daquele cocar.

Espirrou por conta da alergia.
Chorou pelo amor que mais uma vez deixara de consumar.
Sentou-se ao lado da mala.
Contemplou o buquê que conquistara no casamento de sua melhor amiga, há sete anos.
Procurou sua bolsa, acendeu um cigarro e riu.
...

No dia seguinte, jogou sua velha mala fora, usou seu melhor batom vermelho e deu para o primeiro que apareceu. Guardou, contudo, o velho buquê.

E este fora ficou registrado para sempre nos anais do Edifício Alexandrina.

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