Porcolitro

Porcolitro era um leite muito safadinho, derramava sempre. Os outros litros falavam para ele: cuidado, você vai acabar sujando tudo. Mas o litro não estava nem aí, todo dia fazendo a mesma coisa. Até que um dia veio uma fada e transformou o litro em porco, num porcolitro, que protagonizou mil aventuras...



Créditos das aventuras de Porcolitro: Milton Nascimento e Maria Dolores Duarte.
As aventuras a seguir são por minha conta.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Não existe dia dos namorados do lado de baixo do Equador

Um fantasma ronda a sociedade: o fantasma do amor livre. Todas as potências da Verlharquia brasileira unem-se em uma Santa Aliança para conjurá-lo...
É tempo dos amantes exporem, à face do mundo inteiro, seu modo de ver, seus fins e suas tendências, opondo um manifesto deste movimento à lenda do espectro do amor livre.

O amor é lindo. Ou não! Aliás, nunca a retórica caetaneana serviu tão bem: Vivemos em um país livre e democrático. Ou não! O estado brasileiro é laico. Ou não! Ou sim! Ou não! Não!

Quão ridículo não é passar o 12 de junho, sobreviver aos assédios dos comerciantes, contemplar as histórias mais puras e castas de romances pelos programas de tevê. Ou não! Propagandas picantes, sugestões eróticas, reportagens sobre performances sexuais inusitadas. Isso tudo me diz: "Homem: seja um ousado cavalheiro!"; "Mulher: seja uma safada pudica". Desde que - é claro, está implícito! - preserve-se a devida heterossexualidade.
Ah, não, namorados! Não me venham com bichices*.

No blogue do Sakamoto, um post da semana passada denunciava o marketing do dia dos namorados que coloca a mulher em seu devido lugar. "Você, maridão? Por que não dá uma lava-louças para sua mulher? (Afinal, a obrigação com a manutenção da casa é toda dela, acrescenta-se.)" Ou então "Você, mulher? Por que não compra esta lava-louças e vai para a academia? (Sua baranga, acrescenta-se.)"

Agora, às vésperas do passo gigantesco rumo à democracia plena, a aprovação da PLC122 (que criminaliza preconceito e discriminação de gênero, orientação sexual e identidade de gênero - homofobia), milhões mobilizam-se em torno deste fundamentalismo religioso inculto e bárbaro. O bolsonarismo não é uma onda do momento. Quem nunca viu gente culta e civilizada dizendo que a aprovação da PLC 122 vai incentivar a homossexualidade? - Ha! Desde quando nosso tesão é pau mandado de lei? Essa é das boas.

Este vídeo, circulando pela internet, foi indicação do meu amigo Joe. Nele, a marcha da família contra a PL122 é comparada às multidões nazistas.


É muito problemático defender a liberdade religiosa de quem difama; inflama, justifica e aplaude o ódio e o preconceito contra as possibilidades sexuais e afetivas de outros. Ainda mais quando este ódio deságua em uma violência como praxis contra  homossexuais, transexuais e transgêneros.

Ninguém pode se calar diante disso. Porque cada vez que um casal não puder manifestar seu amor, o direito universal de amar será violado.


Os amantes nada têm a perder a não ser suas algemas. Têm um mundo a ganhar.
Namoradas e namorados do mundo, uni-vos!

6 comentários:

  1. O Brasil é o país liberal mais conservador que existe.
    O que é mais patético atualmente nesses homofóbicos religiosos é que eles agora estão "dando" pra fingir que usam argumentos jurídicos. Dizem que estão em defesa da Constituição. Foi o que disse o advogado da CNBB no recente julgamente da União Homoafetiva no STF. Desde quando alguma igreja se importa com a Constituição?
    Li também um artigo de um padre criticando a decisão do STF por questões semânticas da palavra casamento. É uma desonestidade intelectual que dá arrepios de vergonha.
    Os maiores juristas e linguistas do país agora são os religiosos.

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  2. Um post, muitos caminhos abertas. Sobre o amor livre, acho que é mais que um espectro, é uma idéia bem instalada. Mas vivemos tempos ambíguos, nada da uniformidade dos tempos fascistas.

    O desejo pela multiplicidade de pareciros, as fantasias e as aventuras com muitos deles se percebe por aí em conversas e atos contrários a moralidade careta. Quantas tarições nelson rodrigueanas não se ouvem em qualquer esquina, em qualquer bairro. E ainda assim a diluição do ideal de casal e a vitória do amor livre não ocorre. Até entre os homossexuais, é mt corrente querer ser um casal, ter marido ou namorado pra dar presente.

    Creio que o grande problema é bancar a solidão. Para se aventurar e ter muitos parceiros é necessário ser só, desafiar o mundo sozinho(a) e resignar-se com os grandes períodos de seca ou fartura, que são naturais da solidão. E seja lá o que ocorrer, continuar tecendo nossas estratégias em meio a instabilidade solitária. Pouca gente banca esta gangorra e lida bem com a própria solidão.

    Como disse lindamente a Vanessa Yara (http://yaritcha.multiply.com/journal) - "Só: de sujeito a objeto da ação". Eis o desafio.

    Como alternativa a solidão, perpetua-se o "relacionamento sério", como já zoou o xico sá no post de 16/6. Alias, eu estou perpetuando.

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  3. Mas eu disse o contrario Vi...rsrs...de objeto a sujeito da acao...rsrs!!!
    Abracos

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  4. que coisa! mas o sentido era o do original - ser só é ser sujeito.

    melhor usar o control c cotrol v hehehehehehehehehe.

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  5. Bah! não posso nunca esquecer do perigo que representa ter historiadores por perto.

    Vi, quando disse amor livre, não estava me referindo a uma multiplicidade de parceiros sexuais, àquele amor livre dos 60´s. Mas ao direito de amarmos quem quer que seja. Nada mais romântico, para o dia dos namorados.

    Não acho que a monogamia é resposta medrosa ao medo da solidão. E se fizermo-nos objeto, ah, namorar também tem seus prazeres.
    Enfim, "cada um sabe a dor e delícia de ser o que é".
    Beijão!

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  6. Bolsonaro: esse sobrenome me causa uma antipatia desigual!
    Tenho pena desses que, mesmo sabendo que o Brasil é o país mais homofóbico do mundo, ainda praticam atos assim... Como assim ter ódio da escolha alheia? Compartilho da seguinte opinião: a homofobia é uma atitude extremista de quem deseja ocultar seus desejos internos. Ou seja, você só odeia o que te atinge, certo?

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