Porcolitro

Porcolitro era um leite muito safadinho, derramava sempre. Os outros litros falavam para ele: cuidado, você vai acabar sujando tudo. Mas o litro não estava nem aí, todo dia fazendo a mesma coisa. Até que um dia veio uma fada e transformou o litro em porco, num porcolitro, que protagonizou mil aventuras...



Créditos das aventuras de Porcolitro: Milton Nascimento e Maria Dolores Duarte.
As aventuras a seguir são por minha conta.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Poema do amor que vem (para quem pergunta que tem)

Tem como vem
e traz consigo
verões
paióis
e tem também a cara linda
suspiro, ais

Tem os olhos
que são tão vivos
pretos
honestos
e tem também aquela parte de trás dos joelhos
que nunca sei o nome

Tem os ombros
largos, redondos
fortes
fracos
e também as unhas das mãos e dos pés
num corte tosco

Tem os pés
grandes, ligeiros
rudes
macios
e também os peitos dos pés e calcanhares
de Aquiles, aqueles

Tem as mãos
ah, que mãos!
estúpidas
burras
e também os cotovelos
que doem, doem

Tem isso e mais
que o despudor
capta
coopta
e também a cópula (meu deus, a cópula)
tão antipoética.

Tem o não tem
não tem
razão
certeza
nem também  urgência
sereno, vem.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

pré-história



A pré-história tem grandes surpresas e perguntas: Como eles conseguiram matar animais grandes? Como achavam as cavernas? Como chegavam em topos de montanhas? Mas você pode descobrir a resposta”.


Foi o que me disse Pedro Luiz.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Patas arriba - luto pelas crianças de Realengo

 “Há cento e trinta anos, depois de visitar o país das maravilhas, Alice entrou num espelho para descobrir o mundo ao avesso. Se Alice renascesse em nossos dias, não precisaria atravessar nenhum espelho: bastaria que chegasse à janela”

Eduardo Galeano em Pernas pro ar: a escola do mundo ao avesso


Aí o psicólogo da televisão pediu-nos para que conversássemos aberta e francamente com nossas crianças sobre as mortes das crianças do Realengo, acalentando-as: "isso nunca aconteceu no Brasil". Como se a perversão respeitasse fronteiras políticas, como este dado fosse sintomático de uma sociedade menos esquizofrênica.
Nossa racionalidade é capaz de compreender instâncias incrivelmente elaboradas e complexas da vida. Conseguimos entender a radioatividade e a antimatéria. Conseguimos entender a exploração e humilhação do outro. Conseguimos entender a miséria e a fome. Não conseguimos entender a violência.

Vivemos sob a consciência e à espreita da tragédia, somos filhos deste medo. Quando ela vem, existe o choque, a revolta, a politicagem suja, o espetáculo da mídia, pois é hora de usar a criatividade e bolar manchetes desrespeitosas, esdrúxulas. É bonito batizar a tragédia. É bonito fazer discurso anti-prosélitos. É bonito inventar uma capa de jornal marrom. Só não é bonito quando é conosco. 

Sempre é conosco.

A humanidade é una, em suas múltiplas manifestações, acho que foi a Lilia Schwarcz quem disse isso. As meninas e meninos de Realengo ou Columbine, do Bumba ou Haiti são nossas meninas e meninos também.
E  nós? Nós, que temos o hoje e o amanhã que lhes foram arrancados? Cabe o luto ou já sabemos conviver com esta dor ordinária de nossos tempos? É tempo de introspecção ou ação?
É tempo de buscar respostas?

 Como disse Mauro Santayana, não enterremos com as meninas e meninos do Realengo nossos últimos suspiros de humanidade e solidariedade.

Uma leitura humana e atenta deste episódio encontramos no blogue da Maria Frô.


segunda-feira, 4 de abril de 2011

quiproquó

(aí eu)



mó...

(aí ela)



nhá...

(quer saber?)



prá...


E tudo mais o que poderia ter sido dito
e não foi