Porcolitro

Porcolitro era um leite muito safadinho, derramava sempre. Os outros litros falavam para ele: cuidado, você vai acabar sujando tudo. Mas o litro não estava nem aí, todo dia fazendo a mesma coisa. Até que um dia veio uma fada e transformou o litro em porco, num porcolitro, que protagonizou mil aventuras...



Créditos das aventuras de Porcolitro: Milton Nascimento e Maria Dolores Duarte.
As aventuras a seguir são por minha conta.

terça-feira, 23 de setembro de 2025

Menina

Tão crédula e generosa. Tão leal e honesta. 
Ama de verdade e seu amor cura.
A menina tem dúvida: quem poderá amá-la 
do jeito que ela ama a outrem?

Não vale dizer que é ela mesma.
A pobrezinha. Viverá ela só 
porque ama muito e muito bem?

Menininhazinha, menininha,
Sua vida é sua, meu amor
Esse é um presente que ela mesma, a vida lhe deu
Se deu a você.
Agora, tão pequenina, não mais criança
Aprendeu a admitir que a força que tem não a previne de sentir dor. 
Ao revés, lhe encoraja.

Então as conheceu:

Dores doídas, dores lindas, dores dolorosas, dores excruciantes. Dores dolores, dores delusionais. Dores coloridas e sem cor. Dores peçonhentas e dores cancerígenas. Dores discretas, dores finas, agudas dores, dores musicais. Dor lombar, cervical, sacral, sagrada dor. Dor que vem do céu, do inferno, dor. Inverno, dor, verão - sem meia estação. A dor que vem como um sol que queima, a dor que teima. Dor em verso, em prosa e canção. 

Saberia o que é o gozo, o que é gozar
não fora o dia em que a pele fina sangrou?
Em qual momento algum alento aliviou?

Viver é para sentir
e saber que não é sonho e vão. 
Para enxergar fundo até doer.
Porém
Não foi tudo o que vi
E nem quero ouvir.

Quero é saber se um dia, numa folia, a alegria me receberá com a simpatia
que lhe é característica
Se a vida alterna assim lógica e rítmica
o que a gente sente
vez sutilmente
vez eloquente
o que é sensível e perecível
o que é horrível e não punível
talvez passível de inundação.

Ou se, um dia, no fim do dia
o fim dos dias trará alívio
transferiria a agonia a outras mãos?

Sei não.

Não penso em morte, porque tal sorte parece azar.
Penso sim, numa magia ou um feitiço eficaz e infalível
onipotente e invencível
que me avisa antes, bem antes que vai doer
mas não precisa, menina,
assim sofrer.

Dorme, menina.
Sonha.
Acorda.


terça-feira, 30 de setembro de 2014

lembrança

uma imagem em bitmap
com uma metáfora de você
lembra-me diariamente
-mais precisamente as seis-
das texturas e cores
dos excessos e dores
d'alegria e amores
de nossa pequena realidade
reduzida a virtualidade
de uma tela colorida em baixa definição
enquanto espero indefinidamente
recriar e reviver
o espetáculo sinestésico,

moreno, que você me deu
com seu cheiro e seu gosto
de vida e de amor.

sábado, 2 de agosto de 2014

Amor

A descoberta do vácuo
dois corpos desafiam as leis científicas
almas etéreas e não líricas
Racionalidade, demonstração de teoremas
integrais, derivadas,
variações sobre um tema

O amor é eletromagnetismo
química pura
física aplicada
o olhar incide sobre o côncavo
refletindo ângulos obtusos

O coração é uma bomba
mitocôndrias a mil

Calculo
prevejo um novo big bang


domingo, 15 de junho de 2014

Duas línguas (bilingual)

Little shell
uai se
tá frio demais
ice
tá agradável
nice
quando acaba
vai-se
tá perdido
advice
ou tenta a sorte
dice